Apenas uma noite fria

João pessoa, 21h18, noite fria, cabeça cheia, mil pensamentos vagantes, decisões pra tomar no dia seguinte, ficar quase 24 horas sem dormir, fazer algo de primeira vez, medo do incerto, gravar um cd de Isabella Taviani, fazer valer a frase "não trate com prioridade quem te trata como opção", botar minha raiva pra fora, gritar aos quatro cantos que nunca quis ocupar o lugar de outra pessoa, fazer valer os meus direitos, poder ouvir aquela música sem lembrar de quem magoou meu coração, resistir às tentativas das fêmeas sugadoras, poder ter aquela conversa que está adiada há dias, olhar a Lagoa do alto e saber que vou morrer nesta cidade.

João Pessoa, 21h30, a noite está fria, meu coração oscila do insensível ao meigo, sinto o amor transbordar por poucas pessoas, decerto que amanhã pensarei diferente, meus olhos vêem o que eu não quero enxergar, tentar ser mais sensível, resgatar a barreira quase indestrutível que cercava meu coração das mulheres ousadas, ter momentos de paz, não permitir que mandem em mim, defender a individualidade minha, possuir em minha língua o mel e o fel, as máscaras estão caindo, quero mudar-me logo, ainda desejo ver a bela Lagoa de minha cidade e sorrir de felicidade.

João Pessoa, 22h00, a noite está mais fria, preciso ir agora, amanhã é um novo dia, talvez eu posso não mais estar aqui...