quarta-feira, 2 de abril de 2008

O Carnaval

Quem já curtiu o carnaval de Olinda? Espero que o faça, pois terá momentos certos de curtição e divertimento. Eu e H. fomos curtir os 5 dias de carnaval em Olinda e tínhamos a certeza que nos divertiríamos de montão. E assim foi!!
Chegamos em Olinda às 18h00 da tarde, carregando sacolas, bolsas e enfrentando as troças* na rua. Chegamos ao local acertado, um apartamento com 21 pessoas, onde apenas 1 era hetero. Na primeira noite fomos ver um tal bloco “Homem da meia-noite”. Olha, não sei quanto aos outros, mas o que eu vi mesmo foi um monte de macho brigando e agredindo-se. Terrível!! E nada do boneco passar. E se passou, eu estava chocada com tanta violência naquela ruela que nem percebi. Esse bloco eu dispensarei ano que vem.
Do apartamento, tínhamos uma visão privilegiada do palco armado na Praça do Carmo. Apreciamos toda a rouquidão de Elza Soares e a loucura moderna de Zeca Baleiro. Acreditem quando eu digo que ele cantou o “melô do Créu”!! Terrible!!
A ordem dos fatos eu não lembro, mas posso dizer que cada dia em Olinda teve um gosto especial.
Conhecemos uma senhora-não-identificada que atacou minha amiga H. com um safanão no braço e ainda “filou” o nosso cigarro. H achou aquela senhora muito estranha. Mas estranho mesmo foi o fato da sexagenária nos oferecer a compra de um cacho de bananas – pasma!! - sem as bananas (???).
H. foi travestida com roupas da força armada e ainda segurando sua poderosa bazuca (de água) e foi à luta por alguns beijos de bocas doces na maior rua gay de Olinda.
À noite fomos ver os “Tambores Silenciosos”, Chico César, Alcione e o samba contagiante da Escola de Samba da Mangueira no Recife Antigo. Valeu muito a pena. Tudo maravilhoso!
Mas eu devo retroceder um pouco esse momento. Preciso voltar ao momento da ponte. Da ponte? Sim, a ponte do beijo. Explico: estávamos indo ao show da Alcione e paramos um momento enquanto um amigo queria cumprimentar seu conhecido e passa ao nosso lado uma morena estonteante cantarolando um samba antigo e, como não somos bobas, acompanhamos a bela na sua cantoria solitária “hoje o samba saiu, laiá laiá, procurando você, quem te viu quem te vê, quem não a conhece não pode mais ver pra crer, quem jamais esquece não pode reconhecer”. A bela morena dançou, cantou e estava totalmente bêbada. E como manda a educação, foi a vez das apresentações. Renata era o nome da nossa musa. Estranhei o fato da morena ter um belo machucado no ombro esquerdo, mas nada falei. Apenas seguiu-se a conversa:
- Como vocês se chamam? - perguntou a morena já dando beijinhos molhados em nossa face.
- Meu nome é H - falou H.
- E eu sou G - falei.
- Ah, legal! Meu nome é Renata, sou de São Paulo. E vocês? – perguntou rindo
- Somos de J. Pessoa! - falamos ao mesmo tempo.
- Não acredito!! Nasci em JP, adoro a nossa cidade, mas moro desde novinha em SP! – falou Renata.
- Ah! Então você é da nossa terra! – falei agitando.
- Hummm! Então você é nossa!
- Sim! Então me tomem! – disse Renata já calibrada pela bebida.
- Olha, não fala isso! – falei querendo agitar mais ainda.
- Não fale, menina, se não eu tomo mesmo! falou a doida da H, toda empolgada com a beleza daquelas belas pernas morenas.... Delícia!
- Me peguem! – gritou a morena já fazendo caras e bocas.
Não sei bem por que eu olhei para trás, mas quando voltei a minha atenção para a morena, ela já estava aos beijos arrebatadores com a minha amiga H. (muitas risadas).
Mas eu não estava sozinha na arte do voyeurismo: TODA a ponte - incluindo taxistas, pedestres e vendedores de qualquer coisa - estava de olhos arregalados naquela cena. Claro que, na minha ótica, era um beijo como outro qualquer, mas garanto que as senhoras do churrasquinho estavam embasbacadas com a cena, digamos, inusitada.
Após o beijo endiabrado, a morena saiu serelepe ainda cantando e tropeçando nas próprias pernas. Adeus, Renata! Até a próxima cerveja!!
Risos dados e fofoquinhas feitas acerca do ósculo vigiado, tomamos o rumo do show da Marron. Lá foi tudo muito normal, exceto por um detalhe: um mané que pisava nas latas por diversão. Quero muito falar dessa figura – eufemismo muito bem empregado.
Era só ter uma latinha ou garrafa de água no chão e ele já batia o pé no recipiente para amassar, mas ao fazer esse movimento, o líquido espirrava fora e sempre molhava (e sujava) alguém e foi isso o que aconteceu com H. E como ela não tem “papas na língua”, pediu para ele parar. Ele fez um gracejo imbecil e impertinente e achamos por bem sair de perto dele. Alguém aí duvida da justiça divina? Nunca duvide disso!! E não é que apareceu uma latinha linda, indefesa e seca pertinho do pé do camarada? Ele riu aquele riso – isso é um pleonasmo – satisfeito e fez aquele movimento de levantar e descer o pé ao chão. Mas... o que houve? Por que o camarada que gosta de amassar latinha caiu no chão?? Gente, não entendi o que houve, talvez um movimento em falso, não sei. Mas o que posso dizer é que o “zé mané” caiu de uma forma tão ridícula ao tentar achatar a latinha, que ele ficou todo torto e sentindo fortes dores. Bem, justiça foi feita! Eu acho!
Nesse carnaval, conheci uma pessoa muito bacana que será chamada aqui de Cy. Uma metamorfose ambulante. Linda e loira. E acho a sósia da Myra Sorvino.
A terça-feira foi um dia muito louco. Fomos recepcionar duas amigas nossas que só puderam ir a Olinda no último dia de carnaval. Uma era amiga de H e vou chamá-la de K. A outra era a minha “amiga” e será denomina de E. E nós nos juntamos a Cy e fomos curtir o último dia de folia naquela ruela gay.
Como eu havia ficado contida nas poucas cervejas, resolvi ficar mais solta quanto a beber e acho que exagerei na dose, ou melhor, nas latinhas. Acredito que eu tenha degustado umas 15 latas de smirnoff ice. Delícia!
E nem preciso dizer que fiquei louquinha. Não lembro de nada, nem do que eu fiz. Falaram que dei uns beijos em uma garota denominada N. Que por sinal ela usava uma fantasia muito esdrúxula: uma fralda geriátrica e havia uma mamadeira pendurada no pescoço. Estranho!
E, após voltar para casa cheia de ziguezagues, acabei dormindo 12 horas seguidas. Ow, sono danado! E claro, a minha “amiga” E. ficou muito irritada comigo. Mas morro e não entendo o motivo. Acho que, a partir desse dia, tudo esmaeceu entre nós. E depois ficou bem pior, mas isso é coisa do passado!
Carnaval inesquecível e divertido? Só Olinda proporciona! E o grupo de amizades faz a diferença... E quem quiser nos encontrar, é só cantar no ritmo do frevo “voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço...”

*Troça = bloco carnavalesco

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